Vereadora que se apresenta como defensora dos interesses populares votou pela permanência de colega investigado na Operação Maracutaia
A sessão plenária que rejeitou o parecer favorável à cassação do vereador Dulcindo Figueiredo, o Duda, revelou não apenas a divisão interna da Câmara Municipal de Aragarças-GO, mas também evidenciou um gesto político difícil de justificar por parte da vereadora Ana Paula Paulino. Conhecida por seu discurso enfático de defesa da ética na política e por se apresentar como porta-voz da população, Ana Paula surpreendeu ao votar contra a cassação de Duda, investigado por supostas irregularidades durante sua presidência na Casa Legislativa — incluindo menções na Operação Maracutaia, conduzida pela Polícia Civil de Goiás.
A operação, que apura um esquema de fraudes em licitações e desvio de recursos públicos, inclui entre seus alvos a condução de reformas nas dependências da Câmara enquanto Duda estava à frente da presidência. O relatório da Comissão Processante criada após denúncia popular recomendava a cassação do vereador, mas foi rejeitado por 6 votos a 5, com o voto de Ana Paula sendo decisivo para a manutenção do mandato.
A incoerência do voto não passou despercebida. Nas redes sociais, eleitores questionaram como uma vereadora que se diz tão alinhada aos anseios do povo pode agir de forma contrária ao que, na visão de muitos, seria um passo importante para a moralização da política local. A expectativa era de que, diante de indícios e suspeitas graves, Ana Paula adotasse uma postura mais firme em favor da transparência.
Para analistas políticos locais, o episódio acende um alerta sobre o distanciamento entre o discurso e a prática de alguns parlamentares. “Não é apenas sobre um voto. É sobre a imagem que se constrói diante do eleitor e a responsabilidade de mantê-la com ações concretas”, comentou um cientista político ouvido pela reportagem.
A decisão de Ana Paula Paulino levanta dúvidas sobre até que ponto suas posições representam, de fato, os interesses da população. Em um cenário onde a confiança na classe política é constantemente abalada por escândalos, gestos como esse contribuem para a crescente descrença dos cidadãos no sistema representativo.
Por Redação