Feminicídio em Alto Boa Vista expõe falência na proteção às mulheres: diarista é assassinada pelo companheiro

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Reprodução Alerta Bg

Assassinato ocorreu após discussão doméstica; autor confessou crime e usou agressão da vítima como justificativa.

Por Redação

Na madrugada deste sábado (22), mais um crime brutal de feminicídio abalou a cidade de Alto Boa Vista (MT) — e com ele, escancarou mais uma vez a grave e persistente falência do sistema de proteção às mulheres no Brasil.

A diarista Crisalda Conceição Sousa, de 32 anos, foi assassinada pelo companheiro, João Batista Carvalho Pires Ferreira, de 38 anos. O corpo de Crisalda foi encontrado nos fundos de um lote, a poucos metros de sua residência, situada em frente a uma igreja evangélica no Setor Cecatto.

A Polícia Judiciária Civil foi acionada após uma denúncia anônima de briga entre o casal. Ao chegar ao local, os agentes encontraram vestígios de sangue pela casa e uma faca ensanguentada no gramado. A investigação levou os policiais até a residência de um conhecido do suspeito, onde João Batista foi localizado e preso em flagrante. Ele confessou o crime, alegando que a mulher lhe deu um tapa no rosto — uma justificativa inaceitável e frequentemente usada como tentativa de culpabilizar a vítima.

Momentos antes do crime, por volta da 1h da manhã, Crisalda foi vista caminhando pela rua. A Polícia Técnica foi chamada para realizar os procedimentos periciais, e o caso segue sob investigação.

Crítica social: quando o tapa vira sentença de morte

É impossível relatar mais um feminicídio sem refletir sobre a naturalização da violência contra a mulher em nossa sociedade. O assassinato de Crisalda não é um caso isolado — é o retrato de um país onde uma mulher é morta simplesmente por ser mulher a cada seis horas, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

A justificativa do agressor — um tapa no rosto — revela mais do que frieza: mostra a cultura enraizada da misoginia, onde qualquer atitude feminina de resistência é tomada como provocação, e punida com a violência mais extrema.

A proximidade da casa com uma igreja evangélica também escancara uma contradição recorrente: em muitos lares e comunidades ditas religiosas, o discurso de submissão feminina ainda é reforçado, contribuindo para a perpetuação de relacionamentos abusivos travestidos de moralidade.

Quantas denúncias não são feitas por medo? Quantas Crisaldas ainda caminham silenciosamente pelas ruas, sem saber que sua vida corre risco dentro da própria casa?

É preciso mais do que investigações e prisões pontuais. É urgente repensar políticas públicas, garantir proteção efetiva às mulheres e combater, nas escolas, nos lares e nas instituições, a raiz dessa violência que continua tirando vidas.

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