O RAP como Voz da Periferia: A Conexão MT-GO que Conscientiza e Transforma

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Por Alerta BG

Em tempos onde a juventude das periferias segue sendo negligenciada pelo poder público, o RAP – Realidade Através de Palavras – segue firme como uma das maiores ferramentas de conscientização e resistência social. No Centro-Oeste brasileiro, uma conexão forte entre Mato Grosso e Goiás está fazendo ecoar vozes que antes eram silenciadas. São artistas que falam diretamente com a quebrada, rimando a dor, o amor, a luta e, principalmente, a realidade nua e crua de quem vive onde o sistema não chega.

Com essa missão, nomes como Complexo Oeste_62, Gzero62 e Douglas Kayser têm levantado o microfone como espada, rimando para mostrar que o crime é uma opção — mas nunca foi solução.


Letra como Lâmina: a dor e o alerta

No som “O Sangue Escorre”, o grupo Complexo Oeste_62 traduz a vivência periférica sem floreios, colocando o ouvinte frente a frente com a tragédia do cotidiano:

O cenário aqui é terror e o sangue escorre
De mais um irmão que trocou a bíblia pelos revólver
Maldade sobra aqui nos coração, de quem não teve oportunidade mas teve disposição

É o grito daqueles que viram colegas se perderem antes mesmo dos 20 anos. Gente que teve disposição pra viver, mas nunca teve uma chance real de escolha.

Conselho nunca ouviu, preferiu as de 100
Mas não escuta nem a mãe, aí vai escutar quem?

Aqui, a crítica é direta: a ausência de orientação, a influência do dinheiro fácil e o desespero de quem cresce ouvindo mais o som das armas que da própria família. A música é denúncia e aviso — para não repetir os erros daqueles que se foram cedo demais.


Sonho de Muleque: valorizando o que importa

Gzero62 vai na contramão do glamour do crime e traz em “Sonho de Muleque” a importância dos afetos e da base familiar. É um som que toca o coração, que lembra ao jovem o que realmente tem valor:

O sorriso da sua coroa vale mais que um diamante
O conforto da sua família vale mais que mil brilhante

Esses versos são mais do que poesia — são orientação. Mostram que vencer na vida não é sobre ostentar, mas sim sobre trazer paz para dentro de casa, ver a mãe sorrir, criar os filhos com dignidade.


Douglas Kayser: “O crime é opção, mas nunca foi solução”

Direto de Barra do Garças (MT), Douglas Kayser é um dos representantes do RAP que usa a própria história para alertar. Ele relata que viu de perto o “caminho fácil”, mas fez sua escolha pelo RAP:

Trago nas minhas letras um pouco do que já vivi e passei em minha vida, vendo de perto as oportunidades de um caminho fácil, vendo de perto a realidade de quem não tem oportunidade

Kayser manda o papo reto:

O crime é opção, mas nunca foi solução.

Para muitos jovens, a criminalidade parece ser a única saída da miséria. Mas as consequências são pesadas, e no fim, quem sofre é sempre a mãe, a família, a quebrada inteira.


RAP: o grito da favela que não se cala

Esse movimento de união entre Goiás e Mato Grosso vai além da música. É um projeto de reconstrução social. O RAP é o porta-voz da periferia. Fala do que a mídia não mostra, do que os livros não ensinam, do que os políticos fingem não ver.

Esses artistas mostram que a arte pode (e deve) ser usada como instrumento de conscientização. O RAP está alertando a mulecada: não deixem que a falta de oportunidade seja desculpa para um destino trágico. Se o sistema não te quer, crie seu próprio caminho.

“No fim do túnel do crime, não há luz”

Essa é uma das mensagens centrais do novo RAP consciente que surge entre MT e GO. Através da música, esses artistas trazem um recado direto à juventude: o crime pode parecer uma porta de saída, mas leva a becos sem retorno. Em suas letras, há crítica ao sistema que abandona a juventude à própria sorte, mas também há esperança de mudança, educação e conscientização.


A nova geração tem voz — e ela rima com consciência

O som que vem da quebrada hoje não é mais só protesto, é também proposta. É plano de vida. É guia para quem ainda tá se achando. O RAP da nova geração está de pé, firme, consciente, unindo o MT ao GO em uma só missão: salvar vidas com palavras.

E se um dia alguém disser que RAP não muda nada, que ouça esses versos, que sinta esse peso, e que veja com os próprios olhos: o RAP muda sim — muda mentes, muda rumos, muda destinos.

O RAP que vem do centro-oeste brasileiro não pede licença. Ele entra, impacta, faz pensar. A cultura hip-hop continua sendo um grito coletivo por justiça, igualdade e dignidade. E os artistas como Douglas Kayser, GZero62 e Complexo Ostes_62 mostram que é possível rimar dor com esperança, denúncia com consciência, e fazer da música um verdadeiro instrumento de transformação social.