Censo próprio do TCE terá como foco renda, saúde, educação e infraestrutura básica.
O Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) iniciará um censo próprio para mapear a situação socioeconômica do estado, segundo anunciou nesta segunda-feira, 29 de setembro, o presidente do órgão, conselheiro Sérgio Ricardo. A iniciativa inédita tem como objetivo fornecer dados detalhados que permitam ao TCE orientar políticas públicas e combater desigualdades em Mato Grosso.
“Não vamos mais ficar apenas acreditando nos censos do IBGE […] a partir de agora nós começaremos fazer o censo do TCE, o censo total, completo, inclusive da vida de cada município e de cada cidadão”, afirmou Sérgio Ricardo. Ele ressaltou que o levantamento será conduzido por uma equipe de técnicos e auditores do TCE e terá como foco identificar os desafios enfrentados pela população, desde questões de renda até acesso a serviços básicos.
O conselheiro destacou a desigualdade do estado, apontando que Mato Grosso, apesar de ser campeão na produção de soja, milho, carne e algodão, também lidera indicadores negativos como casos de hanseníase e feminicídio.
“É um estado que tem 3.800.000 habitantes e tem um milhão de pessoas inscritas no Bolsa Família […] somos um estado campeão em hanseníase e campeão em feminicídio. A hanseníase é uma doença que dá onde não tem saneamento básico”, declarou.
Sérgio Ricardo também falou sobre o contraste entre riqueza e desigualdade, destacando que, enquanto algumas áreas apresentam alto padrão de vida, a grande maioria da população enfrenta dificuldades. “Nós somos um estado que só as duas maiores cidades do estado, Cuiabá e Várzea Grande, têm 80 favelas. Nós somos um estado que temos a maior frota de jatinhos particulares do Brasil. Veja, o enriquecimento é perfeito, é ótimo, merece nossos aplausos, mas nós temos que pensar na grande maioria da população que não tem oportunidades”, disse.
O censo próprio deve servir como base para a criação de políticas de Estado, e não apenas ações de governo, garantindo regras claras para áreas como saúde, educação, geração de emprego e industrialização. O levantamento também ajudará a avaliar a viabilidade de municípios, já que nos últimos dez anos, segundo o conselheiro, 51 deles perderam população, e projetos recentes chegaram a propor a extinção de até 35 municípios.
“A gente tem que começar a discutir, não é só o que vai acontecer com a reforma tributária, nós temos que discutir o que vai acontecer de Mato Grosso […] nós temos que ter, é, funções, modelos e obrigações de Estado, para que cada governo cumpra algumas obrigações de Estado, não apenas de governo, porque às vezes o governo entra e ele tem algumas bandeiras e não são bandeiras gerais que atendam a toda população”, concluiu.
Fonte: Estaão Mato Grosso