A Polícia Civil de São Paulo quer exumar o corpo de Hayder Mhazres, tunisiano de 21 anos, para verificar se o homem foi envenenado por Ana Paula Veloso Fernandes, de 36, apontada como uma “serial killer”, após ser denunciada por múltiplos homicídios.
O tunisiano morreu em maio deste ano por envenenamento. Ele estava em um hotel na região central de São Paulo com o irmão quando começou a passar mal e foi ao banheiro. Ana Paula foi quem declarou a morte, fornecendo o endereço incorreto, o que dificultou a chegada do atendimento. O óbito foi registrado como morte suspeita.
Segundo o delegado Halisson Leite, para fazer a exumação são necessárias diversas etapas. “A primeira é a autorização dos familiares, por um respeito mesmo. Eles têm questões religiosas mais delicadas ao fato de remover o corpo”, explicou Halisson.
A partir da autorização da família, o delegado destacou a necessidade de um aval da justiça brasileira, para assim, posteriormente, “verificar um mecanismo de cooperação internacional por meio da Embaixada da Tunísia e da polícia da Tunísia para que seja feita essa exumação no país e para que o corpo seja periciado”.
Ana Paula foi acusada por quatro homicídios cometidos da mesma maneira: envenenamento. Ela está presa desde julho deste ano. As vítimas desses quatro delitos similares, que teriam sido praticados entre janeiro e maio de 2025, são:
- Marcelo Hari Fonseca: Morto em janeiro de 2025, em Guarulhos;
- Maria Aparecida Rodrigues: Morte ocorrida entre 10 e 11 de abril em Guarulhos;
- Neil Corrêa da Silva: Morte ocorrida em 26 de abril em Duque de Caxias, RJ;
- Hayder Mhazres: Morte provocada em 23 de maio em São Paulo, por motivo torpe.
Até o momento, os corpos de Marcelo, Maria Aparecida e Neil foram exumados para identificar a causa das mortes por meio de exames toxicológicos.
Morte de Hayder
Documentos obtidos pela CNN revelam que Ana Paula teria, em conjunto com a irmã Roberta Cristina Veloso Fernandes, simulado uma gravidez para obter vantagem patrimonial da vítima. Com a recusa dele, as duas teriam planejado a morte do homem.
De acordo com a investigação, Ana Paula teria conhecido Hayder por meio de um aplicativo de namoro e iniciado posteriormente um relacionamento com ele.
Veja quem são as vítimas de ‘serial killer’ do envenenamento
Ao iniciar contato com Hayder, Ana e Roberta difundiram a narrativa de uma suposta gestação para forçar um eventual casamento ou assistência financeira da vítima. Ela ainda enviou fotografias fingindo estar grávida a familiares do homem e mensagens em árabe com teor ofensivo e ameaçador, em busca de vantagens.
Após o óbito, a investigada tentou interceder junto ao consulado e chegou a planejar uma viagem à Tunísia para acompanhar o corpo.
Modus operandi e motivação
As investigações apontam que Ana Paula agiu por motivo torpe em todas as quatro mortes. Os crimes foram cometidos com o mesmo padrão, usando envenenamento e recursos que dificultaram a defesa das vítimas, de acordo com a denúncia oferecida.
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De acordo com as autoridades, Ana Paula demonstrou ter conhecimento técnico sobre o uso e dosagem do veneno, controlando tempo e dosagem para que as mortes aparentassem causas naturais.
Feijoada envenenada e morte de cachorros
A mulher está presa por suspeita de envolvimento na morte de Neil Corrêa da Silva, vítima morta após ingerir uma feijoada envenenada.
As investigações indicam que Ana Paula teria viajado de Guarulhos (SP) ao Rio de Janeiro com o objetivo de executar o crime, que teria sido cometido mediante promessa de recompensa. A viagem foi financiada por Michele Paiva da Silva, filha da vítima, que também foi presa como suspeita de participação.
Após ser presa pela morte de Neil, Ana Paula confessou à Polícia Civil ter matado dez cachorros com veneno para testar o efeito do produto.
Fonte: Cnn Brasil




