Cidade em MT gastará R$ 4,4 milhões com plantas e gera revolta

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A Prefeitura de Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá), comandada por Osmar Froner (União) aprovou uma Ata de Registro de Preços que prevê gastos de R$ 4,4 milhões para a compra de mudas de plantas ornamentais destinadas à revitalização de áreas públicas do município. Entre ipês e palmeiras, uma espécie em especial chamou atenção.

São as oliveiras de 40 anos, avaliadas em R$ 14,4 mil cada. O documento autoriza a aquisição de oito dessas árvores, totalizando mais de R$ 115 mil apenas com elas.

Em vídeos,  moradores e empresários ligados ao turismo detonaram a compra. Numa gravação, uma moradora questionou a escolha de uma espécie exótica, considerada “sem relação com o Cerrado”. 

A Ata de Registro de Preços 001/2025, referente ao Pregão Presencial 003/2025, foi assinada em 13 de fevereiro deste ano e prevê a “futura e eventual aquisição de mudas de plantas ornamentais” para atender a Secretaria Municipal de Agricultura e Assuntos Fundiários. O valor total estimado é de R$ 4.428.500,40, em um conjunto que inclui ipês de várias cores, jabuticabeiras adultas, palmeiras de diferentes espécies, sete-copa africana, entre outras árvores e arbustos.

Segundo moradores, parte das árvores deverá ser usada na entrada da cidade, onde afirmam, um ipê branco já foi arrancado para dar lugar ao novo projeto paisagístico. “É, agora a gente vai ter oliveira na nossa entrada? Arrancaram um ipê branco. Um ipê que ficava lindo, todo florido, maravilhoso. Arrancaram tudo e agora nós vamos ter oliveiras. O que oliveiras têm a ver com Chapada, com Cerrado? Plantar uma exótica que nem bonita é. É decepcionante. Não sei o que vai ser da gente”, afirma uma moradora, em vídeo que circula em grupos de WhatsApp.

Uma empresária do setor turístico, que também atua como guia, defende que a identidade visual da cidade deveria ser construída com espécies típicas da região. “Eu acho que o povo de Chapada devia se unir e falar: a gente não quer oliveiras. Nós não queremos oliveiras na entrada da Chapada. Isso não tem nada a ver com a Chapada”, falou.

“A gente mora num Cerrado lindo, a gente tem árvores maravilhosas, a gente tem jacarandás, a gente tem ipês, cada um mais lindo que o outro. Ficaria linda a entrada com ipê e jacarandá, sabe? E tem outras árvores também do Cerrado que são maravilhosas, que dão flores lindas, que deixariam a cidade mais charmosa. E aí planta uma exótica que, sinceramente, não é bonita, é feia, gente. Alguém já viu uma oliveira? É feio, não é uma árvore bonita”, afirma.

Para ela, além da questão estética e ambiental, há um problema de prioridade no gasto público. “Cada oliveira dessa aí custa uma fortuna. E vem do nosso bolso, vem do bolso do povo. Aí dinheiro para coisas realmente necessárias a gente não vai ter, né? É isso que revolta, porque o preço de uma oliveira, gente, é caríssimo, uma oliveira desse tamanho, adulta, é muito caro mesmo”, critica.

QUANTITATIVOS 

A ata registra preços junto à empresa Viveiro Bogorni Ltda, com sede em Ipiranga do Norte (472 km de Cuiabá) para o fornecimento de 31 itens de mudas, destinados à Secretaria Municipal de Agricultura e Assuntos Fundiários. A distância entre as duas cidades é 540 quilômetros.

O valor global máximo é detalhado item a item. Há, por exemplo, previsão de aquisição de: 379 mudas de palmeira-tamareira (1,5 m ou mais), a R$ 1.450 cada, somando R$ 549.550,00; 362 palmeiras Washingtonia (0,5 m de tronco), a R$ 1.090 cada, total de R$ 394.580,00; 278 mudas de jacarandá-mimoso (3 m ou mais), por R$ 720 cada, totalizando R$ 200.160,00; várias centenas de ipês amarelo, rosa, roxo e branco, em portes de 1,8 m ou a partir de 3 m de altura, com valores unitários entre R$ 296 e R$ 730.

As informações destacam que o item 23, que prevê a compra de oito mudas de oliveira de 40 anos (Olea europaea), ao custo unitário de R$ 14.400,00, o que representa R$ 115.200,00 do total registrado. Ainda conforme as informações, o prazo de vigência da ata de registro de preços será de um ano, contado do primeiro dia útil subsequente à data de divulgação  e poderá ser prorrogado por igual período, desde que comprovado que o preço é vantajoso.

Ainda de acordo com o documento, a e existência da não obriga a administração a contratar, “facultando-se a realização de licitação específica para a aquisição pretendida, assegurada preferência ao fornecedor registrado em igualdade de condições.

Fonte: Folha Max